1 - março 2021

Eu sei o quanto eu quero o que eu quero. Você é uma tremenda lembrança, sem sequer ter acontecido. Não faço sentido - acho - espero que façamos.

Talvez por ter tão garantida essa vontade de um objeto para personificar esse meu grande amor,  permito que minha mente se desenrole; e é o colapso entre o melhor e o mais caótico dos mundos, tudo intenso ao mesmo tempo, extremamente dicotômico.

Eu flutuo levemente num afogamento denso entre quando nossos dedos se cruzam e o momento em que você rejeitará o carinho do meus olhos - são todas projeções, lembremos. Eu sei. Sigo. Misturo os dados que coletei em nossa escassa troca e dissolvo, como se fosse séria cientista no laboratório de emoções, em possibilidades líquidas, fresquinhas, extraídas diretamente do imaginário. Está pronta a solução de compatibilidade que eu já não tinha dúvidas ser 100% na hora que ouvi sua voz. Estou louca. Estou? 

Minha intensidade sempre me afastou das pessoas e das coisas e das oportunidades, em profunda expiração, reflito - é a intensidade ou meu medo dela? Me escondo em baús e caixas, vou me dividindo para não ser achada por completo, me perco e também ninguém me encontra. Ufa, sou sã. Cabendo no dia a dia de todos consigo lidar com a irracionalidade da possibilidade de falhar ao mostrar-me. 

Tiro um segundo para entender o que acabei de concluir. Não me largue, deixei você entrar na minha cabeça. Continue comigo, por favor, preciso saber que não estou sozinha nisso, ainda que nunca estejamos completamente acompanhados ou efetivamente a sós. Voltemos. Já sabemos todos, sim, nossos medos nos moldam. Seja para ser fraco ou forte, atua como filtro primário na determinação de quais serão os próximo passos de nossa vida. É tudo o medo. De estar sozinha, acompanhada, mais alto, molhado, sucedido, falhado... 

Então situo-vos para que esse devaneio não soe por completo vago ou deslocado. Eu estou apaixonada por um desconhecido. Simplesmente porque vi a forma das palavras dele. Me abraçaram como se fossem antigas conhecidas minhas e não me preocupei em consultar o medo antes de deixá-las entrar. Agora, refém da parceria entre minha coragem e medo, sigo estática, temendo perder o que nunca foi objeto para ser pertencido e sequer ainda é acontecimento par que seja falta. A idiota coragem de se imaginar futuros que nunca acontecerão. Agora, nessa mistura de imaginário, desejo e ansiedade (ou anseio?), me pego pensando em todos cruzamentos caóticos de realidades e possibilidades e me vejo cercada de medo. 

Eu tenho medo de ser eu.

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