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Reconhecer | 1 dezembro 2021

Hoje notei o quanto eu aprendi pela falta. Aprendi com meu avô a ser carinhosa; Vendo quão agonizante era o eco de suas palavras dizendo exatamente o contrário do que ele ansiava. Aprendi com meu pai a ser leal; Vendo quão distante ele se tornou por trair quem ele tanto ama. Aprendi com minha irmã a ser humilde; Vendo que estar certo não necessariamente é ser feliz. Aprendi com meu irmão a ser vulnerável; Vendo quão frustrante e frio é o silêncio. Aprendi com meu amor tudo sobre mim: o quanto sou carinhosa, quanto anseio me ver e aprender diante das ações e reações - minhas e dele. Quantas de mim existem, quanto quero ser, quanto quero fazer, quanto crescer. Meu amado não existe, aprendi com a falta dele. Às regras também exceções. Aprendi com minha mãe que posso fazer tudo e, ainda assim, ser nada, mas, independente de como sou recebida, seguir fazendo, porque ser repleta é sobre si, não sobre o que os outros aceitam. A forma como agimos, existimos, nos doamos, é, e deve ser, um refle

1 - Julho 2021

Eu tenho medo. De me mostrar demais, me mostrar de menos, mostrar o que não existe ou existir de um jeito que não me mostro. Medo de não ser suficiente, de sentir falta e não ser sentida, de querer e não ser quista, de ser via de mão única - sem destino. Eu eu eu eu. Minha mente orbita ao meu redor, como se fosse tudo sobre mim e estou farta. Sou temática constante e entediante, quero ação e entrego toda essa carga ao outro, responsabilidades que não posso me dar o luxo de ter. Estou cansada de mim mesma. Tenho pressa, me machuco. Não espero, tenho pressa. O tempo do outro parece desaparecer porque é mais importante que eu mostre porque sou importante aquisição. Espero, me machuco. RESPIRA, NÃO TEM PAZ QUE ME ALCANCE, eu não deixo. A loucura não está efetivamente em meus braços, sequer me cerceia em nenhum nível além do normal. Mas a obsessiva vontade de ser doação atravessa o limite da tranquilidade e magoa, cutuca ferida, transtorna, insiste e destrói.  Me afasto. Convencida de que n

1 - maio 2021

O que é a realidade se não um pensamento que se concretizou. Sendo assim, a ficção materializada. Um amontoado de ficções- umas verídicas e outras não sólidas. Eu gosto de acreditar que eu vivo mais porque misturo as minhas ficções e não as distingo - veja bem, não sou louca, entendo das concretudes da realidade, só gosto de ter o tempero dos pensamentos pra melhor saborear o dia a dia. Essa vida de fartas refeições entretanto é exaustiva e fonte dúbia. Não sei se colho vida ou vazio, sigo sugando, correndo riscos. E na entrega intensa, ao dançar com possibilidades, um vazio me agarra e arranca uma das camadas de vida.  Quantas vezes será que aguentamos morrer em vida? Se desdobrar para entender, significar coisas, pessoas, momentos que sequer voltarão. Por que escolher se submeter a tais tiranias quando se tem a natural solução e alegria dentro de si? É tempero ou dose microscópica de veneno que nos auto injetamos ao permitir que os pensamentos adentrem a realidade?

1 - março 2021

Eu sei o quanto eu quero o que eu quero. Você é uma tremenda lembrança, sem sequer ter acontecido. Não faço sentido - acho - espero que façamos. Talvez por ter tão garantida essa vontade de um objeto para personificar esse meu grande amor,  permito que minha mente se desenrole; e é o colapso entre o melhor e o mais caótico dos mundos, tudo intenso ao mesmo tempo, extremamente dicotômico. Eu flutuo levemente num afogamento denso entre quando nossos dedos se cruzam e o momento em que você rejeitará o carinho do meus olhos - são todas projeções, lembremos. Eu sei. Sigo. Misturo os dados que coletei em nossa escassa troca e dissolvo, como se fosse séria cientista no laboratório de emoções, em possibilidades líquidas, fresquinhas, extraídas diretamente do imaginário. Está pronta a solução de compatibilidade que eu já não tinha dúvidas ser 100% na hora que ouvi sua voz. Estou louca. Estou?  Minha intensidade sempre me afastou das pessoas e das coisas e das oportunidades, em profunda expiraçã