Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2014

Curtas lembranças sobre um curto casamento

Estava na hora de ser um pouco repetitivo, querida. Lembro-me tão recente como você costumava chorar ao cortar as cebolas, suas lágrimas ainda estão em minhas mãos. Sempre achei que as cebolas fossem uma desculpa para você não jogar tudo em cima de mim, na verdade sempre soube disso. Você se mantinha sempre quieta em nossas refeições e temia a mim. Querida, aquele tapa foi só uma vez, foi só uma cerveja a mais no bar, foi só um descuido. Nunca quis machucar você. Eu sempre quis te dar o amor puro, terno. Lembro-me tão intensamente como seus olhos vinham sempre de baixo, como uma reverência. Ainda que tivéssemos a mesma altura, meu bem. Sempre achei que fosse uma maneira de me fazer sentir bem, sentia-me assim. Você nunca me desafiou, sequer num olhar, amor. Eu adorava quando você me olhava bem de baixo, ainda que escorressem umas lágrimas, ainda que sua feição não fosse das melhores, meu amor, que prazer. Eu sempre quis te dar prazer! Lembro-me tão feliz como você nunca me pergunt

Curto relato sobre um domingo

Tinha areia nos peitos, um outro punhado na boceta e gosto de mar colado pela pele queimada. Os sentidos se confundiam e não sabia se era paz ou se era vento o que batia em sua alma. Entre um bocado de pedras sentia como era ser realmente íntima de alguém, sem a necessidade de fingir e fugir do que se é. Despertou algumas vezes naquele domingo. Transitar entre o sonho e os olhos abertos era bom de igual maneira, mas a irrealidade do dormir a convenceu de que acordar era mais interessante. Diferente de outros contatos, realmente se interessava pelo que tinha com aquele corpo e, quem sabe, com a alma que dormia ao seu lado. Tudo era distribuído de maneira que amaciasse quem o olhava. Não soube se por alegria ou por comoção deixou que uma trilha d'água escorresse por seu rosto. Sorrindo, secou-se e acordou o outro alguém. Beijos sonolentos, toques de mãos ainda adormecidas e a prazerosa sensação de sentir-se quista e de querer bem a alguém, por dentro, por cima. A comida perdia