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Mostrando postagens de novembro, 2013

Saudade

A casa vazia ecoava sua respiração. Cada lugar que pisava trazia à lembrança situações e problemas que teve em distintos momentos. Sentia-se confuso com a falta que memórias inventadas faziam. Estava ligado àquela casa por situações queridas, mas que não sabia até onde eram reais. Com a recente perda de sua companheira, resolveu que não era mais justo consigo mesmo continuar num lugar tão grande e apertado como aquele, continuar tão sufocado. Mudou-se de casa, de jeito, hábitos, de vida. Pensou em se matar, em fugir, achou que a perda de identidade momentânea dava-se devido à privação que se obrigou a passar. Tinha plena consciência de que sua carência estava transformando-o em um ser irreconhecível. Seguia remoendo tudo o que deixou passar, tudo o que não fez e tudo que se arrependeu. Era perda de tempo, sabia, mas de certa forma, acreditava que alguém acompanhava seu esforço em manter a mulher viva e admirava. Não queria mais ser notado, não queria mais sentir, limitava-se a se al