João raso: Tudo e nada
João, gostava de romances, mas não gostava de amar. Tudo em sua vida era mentira. Seus estudos, suas namoradas, seus trabalhos. Mentiras que, com o tempo, não tinham força para se sustentar e acabavam.
Projetava-se através de sua imagem. Acreditava ser interessante graças a objetos: o cigarro era seu charme. O relógio era para ver se a hora passava, queria chegar logo, só não sabia onde. Suas roupas eram o enfeite, ele a árvore de natal, mas faltava alguma coisa. Ainda assim vivia.
Às vezes pensava em ter propósito para tudo. Pensou em comer a barata da Clarice, mas não gostava de contos, achou que não faria sentido. Pensou em ter uma namorada, mas dava muito trabalho. Pensou até em ter um cachorro, mas já tinha um e não teve seu problema resolvido. Tentou ler: coisas que não tinha sentido, com gente que não existia e histórias que nunca aconteceriam. Queria continuar lendo, queria achar sentido, mas não gostava. Uma paixão que ardesse na carne, que sugasse toda sua vontade de viver, mas que fosse fácil de se ler e com personagens reais, ele queria isso. Ganhar na loteria também, queria vida fácil, quem não quer?!
João andava por aí, não faltava o que fazer. Com o passar do tempo, as coisas perdiam a graça, talvez até o sentido. Não ficava mais plenamente satisfeito. Seus planos eram sempre poucos e baseados num futuro que nunca chegaria. Morre um pouco todo dia, mas finge que vive. Vive um pouco todo ano, mas não percebe. Achando que a vida era lixo, mas amando viver, João detestava mentiras, detestava contos. Não deixou de achar os relógios, as roupas e os cigarros fundamentais. Não entendia que a vida era pra ser de verdade e os contos um jeito de retratá-la. Mas continuou assim, nunca esteve pronto para a verdade. Nunca cresceu.
Projetava-se através de sua imagem. Acreditava ser interessante graças a objetos: o cigarro era seu charme. O relógio era para ver se a hora passava, queria chegar logo, só não sabia onde. Suas roupas eram o enfeite, ele a árvore de natal, mas faltava alguma coisa. Ainda assim vivia.
Às vezes pensava em ter propósito para tudo. Pensou em comer a barata da Clarice, mas não gostava de contos, achou que não faria sentido. Pensou em ter uma namorada, mas dava muito trabalho. Pensou até em ter um cachorro, mas já tinha um e não teve seu problema resolvido. Tentou ler: coisas que não tinha sentido, com gente que não existia e histórias que nunca aconteceriam. Queria continuar lendo, queria achar sentido, mas não gostava. Uma paixão que ardesse na carne, que sugasse toda sua vontade de viver, mas que fosse fácil de se ler e com personagens reais, ele queria isso. Ganhar na loteria também, queria vida fácil, quem não quer?!
João andava por aí, não faltava o que fazer. Com o passar do tempo, as coisas perdiam a graça, talvez até o sentido. Não ficava mais plenamente satisfeito. Seus planos eram sempre poucos e baseados num futuro que nunca chegaria. Morre um pouco todo dia, mas finge que vive. Vive um pouco todo ano, mas não percebe. Achando que a vida era lixo, mas amando viver, João detestava mentiras, detestava contos. Não deixou de achar os relógios, as roupas e os cigarros fundamentais. Não entendia que a vida era pra ser de verdade e os contos um jeito de retratá-la. Mas continuou assim, nunca esteve pronto para a verdade. Nunca cresceu.
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