O descanso

 A casa está perfumada. Não é, apesar de ser, um cheiro fabricado, forçada a expelir um jardim primaveril sendo 30m2 de madeira e concreto. É a roupa limpa, mas também é um pouco a paz, a noite fresca de verão latente. O aroma que acalma e refresca vai além de um par de camisas limpas, estendidas na sala a secar. Tem todo o ar, de lugar novo, mas aconchegante de cara.

 Tento não me apegar muito a esse medo de me falhe o olfato, ou de que o perfume se disperse. Mas esse medo não tem essência para se tornar cheiro forte, cheiro ruim, logo passa. A casa, estávamos na casa. Ela emana o bálsamo do vento, misturada com o mar, uma pitada de silêncio e toda a estabilidade que só uma casa pode transmitir.

 A casa está perfumada, mas você, se cá viesse, não sentiria cheiro de nada, acho.

 Eu, entretanto, inspiro um pouco mais do que o normal toda vez que entro aqui. Onde eu hoje moro tem cheiro de vida.

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