2:49, pausa, volta a dormir
São duas e quarenta e nove da manhã. Um longo barulho interrompe meu sono e perturba minha inquietude. Do meu lado, um estranho que escolhi amar, dorme. O vento está rápido e tão marcante quanto o agitado sonho que meu companheiro parece ter. Estou sendo esmagada, aos poucos, pelo fino lençol que cobre meu corpo. Já não me atrapalha mais o peso do sono nas minhas pálpebras, tampouco o som do silêncio. Não consigo dormir. Tive um longo dia comum. Todo meu corpo está cansado. Por maior que seja a minha vontade de dormir, tenho dificuldades em me desconcentrar de todo o resto. Os pratos sujos na pia da cozinha gritam. Dos vidros sebosos do boxe ainda escorrem gotas do meu banho recente. Os fios soltos da barra mal feita da cortina chacoalham com uma leve corrente de ar que invadiu o quarto e tocou meu rosto, esfriou. Levanto, o assoalho frio é convidativo, sento-me no curto corredor e especulo sobre futuros que nunca aconteceram. Soa uma aguda buzina de caminhão que ecoa no meu estôm...